AÇÕES URGENTES PELA VULNERABILIDADE DOS PESCADORES E PESCADORAS DO RIO PARAOPEBA (MG) E DO RIO DOCE (MG E ES), 

04/02/2019

Carta de Brumadinho (MG)

A Articulação dos Pescadores e Pescadoras do Sul e Sudeste vem manifestar repudio em relação ao crime social e ambiental ocorrido em 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, onde a barragem I - Córrego do Feijão foi rompida às 12h28min. Área12 milhões cúbicos de rejeitos de mineração da empresa Vale rompeu e uma área extensa da empresa, de agricultores e criadores de gados, casas e ruas e atingiu o rio Paraopeba. A lama com grande quantidade de metais pesados, danosos ao meio ambiente, além de varrer centenas de vidas humanas de trabalhadores da empresa, moradores, trabalhadores urbanos e rurais arrasou fazendas, fez desparecer a história dos lugares. Vimos por meio dessa carta pública nos solidarizar e manifestar nossa indignação a esse modelo de mineração e aos riscos por ele realizado. O lucro não pode ser mais importante que as vidas. A responsabilidade do Estado e das empresas (Vale e empresas de consultoria) não pode se esquecida quando o último corpo humano for retirado ou esquecido. O rio Paraopeba que alimenta a terra, molha a plantação e garante a sustentabilidade dos pescadores e pescadoras artesanais da região, neste momento está agudizando, assim como ocorre com o Rio Doce. Esse modelo de desenvolvimento que socializa os prejuízos, a poluição, a violência institucionalizada precisa ser finalizada definitivamente em nosso país. A violência é produzida quando laudos, auditorias e relatórios técnicos são escritos sem o compromisso com a verdade. Pensar somente na redução dos custos e máximos lucros tem limites. São laudos, relatórios e auditorias frágeis que escondem interesses políticos e sua submissão aos interesses das empresas. A ditadura do dinheiro faz com que haja dissimulação e se esconda a real garantia a segurança social e ambiental. Em 2015, rompeu-se a barragem da Samarco, já vista internacionalmente como um dos maiores crimes ambientais do mundo com 45 milhões de metros cúbicos de lama arrasaram Bento Rodrigues, Mariana, municípios do entorno do Rio Doce - Minas Gerais e Espírito Santo. A morte do Rio Doce, chegando ao mar atingiu milhares de pescadores e pescadoras artesanais profissionais sofreram e sofrem até hoje com a tragédia da Samarco, mas parece que esse modelo de mineração e de jogo político de minimizar os riscos não foi superado.

Nós pescadores e pescadoras artesanais profissionais, cujo peixe garante a renda e a sustentabilidade alimentar da população, sofremos com esse modelo de mineração que inicia com a extração, as barragens e termina nos complexos portuários que arrasam e poluem rios, solos e mares por onde passam. Solicitamos que diante de toda essa destruição, os pescadores e pescadoras artesanais, as populações ribeirinhas, os pequenos agricultores e criadores sejam ouvidos, reparados nos prejuízos materiais, culturais e psicológicos que dificilmente serão superados. Solicitamos as autoridades que mantenham canal de informação sobre a real qualidade da água dos rios Paraobeba, afluentes e do Rio São Francisco em Três Marias e todos os municípios ribeirinhos que estão sendo atingidos. Que os pescadores e pescadoras artesanais que têm na pesca sua renda e seu trabalho sejam reparados integralmente nas suas perdas. Que medidas de recuperação de despoluição dos Rios Paraopeba e Doce sejam URGENTEMENTE efetuadas.

RIO PARAOPEBA

Cheio de vida, cheio de peixes. No dia 25 de janeiro, depois das 12 horas ver o trecho do corrego do Feijão agonizar seu filhos. Peixes, Pescadores... fica a lembrança de uma fotografia doada à APPSULSE.
© 2019 appsulse | Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora